A entrega das primeiras casas populares do Loteamento Estrada do Engenho, prevista para este mês, não se concretizará. Segundo a Prefeitura, a nova expectativa é que as habitações comecem a receber em setembro parte dos moradores deslocados do dique do canal São Gonçalo. Para essas pessoas, a ansiedade pela nova moradia passou a ser acompanhada, recentemente, por uma preocupação com a infraestrutura, já que durante a passagem do ciclone por Pelotas o local ficou alagado.

Em contraste com o restante da rua, na área de construção das residências se destacam alguns imóveis que já receberam pintura com cores vibrantes. Essas devem ser as primeiras, dos 57 domicílios, a serem entregues às pessoas que moram a poucas quadras de distância. Desde que foi lançado o projeto de construção das unidades do loteamento, há três anos, a realidade das famílias que devem ser realocadas é de expectativa pela mudança para o local onde esperam viver em melhores condições.

Entretanto, essa espera deve se estender por no mínimo mais um mês para as primeiras 22 famílias contempladas e até o final do ano para o restante. Para os futuros moradores, a demora e a falta de informação têm gerado dúvidas. Residindo próximo à construção, Roger da Rocha acompanha de perto o andamento das obras. Ele conta que, ao questionar os funcionários que trabalham no local, o prazo dado por eles para a conclusão do loteamento seria somente fevereiro do ano que vem. "Acho que pode até passar disso [fevereiro] porque nem a parte do esgoto começou a fazer", diz.

A ansiedade aumentou ainda mais para o pedreiro desde o último temporal que atingiu o Município e destruiu parte da sua casa. Neste sentido, a casa nova é uma perspectiva de um lugar mais confortável para ele e sua família. "Vamos poder tomar um banho tranquilo, porque aqui é difícil." Além da demora, outra preocupação é com o método de contemplação, que segundo eles, seria por tempo de residência no dique. Com cinco anos de moradia no local, Rocha não sabe se poderá ser beneficiado com uma das 22 primeiras casas. "Se saísse esse mês seria um baita presente de aniversário para a minha esposa", torce.

Alagamento
Ao percorrer a Estrada do Engenho é possível observar a localização do Loteamento e perceber uma característica de infraestrutura que vem preocupando os futuros moradores. O grande desnível entre a rua, agora com parte pavimentada, e a área das unidades habitacionais dá o indício do que pode e ocorreu recentemente: o alagamento por conta das chuvas intensas. "Agora mesmo teve o ciclone e alagou tudo ali. Quer dizer que a gente vai sair de uma área de risco para outra", comenta Andressa Soares.

Para a merendeira, residente no dique há quatro anos, a situação é ambígua, já que ao mesmo tempo que as unidades são habitações com melhor estrutura, na sua casa atual nunca ocorreu alagamento. "Ainda mais com crianças, é complicado. Ali as casas são boas, mas eu fico pensando que é uma situação braba, porque vai para ali onde enche de água."

O loteamento
Os recursos para o projeto de realocação das famílias que moram às margens do Canal São Gonçalo foram destinados pelo programa Avançar Habitação, do governo do Estado, com investimento de R$ 2,4 milhões e contrapartida do Município de R$ 1,3 milhão para construção de 36 unidades. Outras 22 casas são financiadas pelo convênio firmado entre a Prefeitura e o Ministério Público por meio do Fundo para Reconstituição de Bens Lesados (FRBL), com investimento total de R$ 2,4 milhões, sendo R$ 1,2 milhão em contrapartida.

Próximos passos
Conforme a secretária interina de Habitação, Cláudia Leite, as obras das 58 unidades habitacionais estão em fase final de construção. Um dos próximos passos da obra é a instalação da rede de energia elétrica, que segundo o secretário de Planejamento e Gestão, Roberto Ramalho, está em fase de licitação e o recebimento das propostas e abertura dos envelopes está previsto para o próximo dia 9.